domingo, 15 de março de 2009

PESQUISA, CRIAÇÃO E ESTILO - LIVRO O AMANTE

O Amante – Margueritte Duras

O livro trata de um acontecimento pessoal da autora enquanto vivia na Indochina com sua família. Começa falando de problemas familiares que ela tem com a mãe e o irmão mais velho. A família viveu com certa dificuldade financeira, sua mãe tinha problemas emocionais e havia perdido o marido, e talvez por isso os laços afetivos fossem distantes dentro de sua família.
A princípio ela relata momentos de sua infância, que mudava de casa com freqüência. A maior parte da história se passa em Saigon, onde estudava e ficava boa parte do tempo longe de casa. Seu irmão mais velho era violento, irresponsável e viciado em jogo enquanto o mais novo era sensível e carente. Ela se dá melhor com o mais moço, até mesmo por ele ser mais afetivo.
Sua mãe mostra a preferência pelo mais velho, principalmente por ser o primeiro o filho e depois por atender seus pedidos. Enquanto ela e o mais moço são vistos como crianças, ela não dirige muitas palavras a seu irmão mais velho. Sua mãe insistia em que ela fosse professora de Matemática enquanto ela queria apensa escrever.
A trama realmente começa quando ela narra o episódio da travessia de balsa pra a escola. Onde ela conhece o chinês que vêem a ser seu amante. Ela inicia sua vida sexual com este homem aos quinze anos e passa a se encontrar com ele todas as tardes. Eles se amam, mas não assumem, ele por sentir-se usado e sofrer com o amor que sente por ela, e ela por ser resistente com si e aceitar essa como uma situação obrigatória.
Ao tentar uma aproximação familiar o chinês tem mais receio de assumir seus sentimentos. Nesse ponto ela mostra o preconceito mútuo de franceses com orientais e orientais com franceses. Porém a protagonista não se importa com a opinião de sua mãe ou de seu irmão. Continua a encontrar-se com ele e cada vez mais esses encontros rotineiros são intensos, prazerosos e entristecedores.
Margueritte também trata da própria androgenia ao falar de sua amiga e colega de quarto no colégio Hélène Lagonelle; para esta a libido se converge para o masculino, pois se sente atraída. Mas esse é um fato apenas apresentado e não discutido.
Ela sentia medo de seu irmão, e se sentia mal por não ter uma boa relação com sua mãe. Alguns episódios do livro retratam seu irmão roubando dinheiro da própria família para jogar. Um episódio bem marcante é quando sua mãe percebe que ela não é mais virgem e a reprime, agride e seu irmão mais velho está do lado de fora do quarto. Ela percebe que ele gosta da violência e que ele quer mesmo que a mãe a machuque.
Ela fala algumas vezes de quando foi para França, onde conheceu outras duas personagens, duas mulheres, Marie-Claude e Betty Fernandez. Trata dessas mulheres como frias. A primeira uma americana que ela diz ser o que não é. A segunda uma organizadora de reuniões intelectuais, é bela e refinada. O marido de Betty é extremamente culto e chega a cativar à protagonista.
Neste livro ela vai se desvencilhando da imagem da adolescência para formar uma imagem adulta, esclarecida e com objetivos. Margueritte também explicita que sua mãe gostava muito de tirar fotos para comparar a ‘’evolução’’ de cada um dos filhos. E fazia isso constantemente.
Conta da morte de seu irmão, que sua mãe ficou extremamente deprimida. Que voltou a França e quando seu próprio filho tinha dois anos ela reencontrou a mãe, mas não lhe falou. Dizia ser tarde demais para isso. Conta que Dô, sua empregada lhe fazia as roupas quando criança. Que sempre esteve presente em seus dias e ajudava muito a sua mãe.
Ela mostra também a autoridade e ausência de comunicação entre seu amante e o pai. Que ele era reprimido também. O pai não queria que casasse, queria que seguisse organizando os negócios da família. O queria perto e, assim como ele, intacto. Ele lhe deu um anel de diamantes. Isso para ela foi quase um atestado de liberdade do colégio. Aquela que antes era motivo de gozação agora mostrava respeito.
A morte de seu irmão mais moço foi dura para ela, triste, revoltante. Ela diz sentir um amor insensato e misterioso. Não sabia por que o amava, mas o sentia. Aprendeu muitíssimas coisas com ele, principalmente sobre carros.
No fim ela se lembra de sua vida na França e que após a guerra viu seu amante com uma mulher nos braços. Talvez ele tivesse se casado. E sua mulher nem se quer sabia da existência dos fatos. Da menina de dezesseis anos. E um dia ele, o amante, lhe telefonou, disse que soube do irmão mais novo, que sabia que ela tinha começado a escrever e que sabia disso, pois encontrou sua mãe em Saigon.
É um romance autentico e envolvente com os fatos. Os últimos parágrafos mostram uma vingança, uma prepotência imposta pelas circunstâncias sociais, culturais e psicológicas que marcaram a vida das personagens principais.


Michelle Gomes, Paula Pedroso, Rubia, Simone Peres e Viviane Gualhanone

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