domingo, 15 de março de 2009

PESQUISA, CRIAÇÃO E ESTILO - BUDAPESTE

iannis dimitrousis

Budapeste - Chico Buarque

Budapeste é um romance sobre um ghost-writer sócio da empresa Cunha & Costa na qual é responsável por escrever para outras pessoas, notas, discursos, artigos que, não raro, alcançam sucesso. Contudo, José Costa, prefere o anonimato e se mostra voyeur de si.
Casado com Vanda e pai de Joaquinzinho, só os percebe quando, tão envolto em seus próprios delírios, os perde. Após uma briga com sua esposa e sua substituição por recém-formados que escrevem tal qual ao seu estilo, resolve embarcar para um encontro de autores anônimos em Istambul, Turquia. Na volta, é obrigado, por um desvio do avião, a pernoitar em Budapeste, Hungria.
Quando volta ao Rio de Janeiro se vê apaixonado pelo idioma magiar, o húngaro. Ao voltar a Budapeste conhece Kriska, uma húngara, que se oferece a lhe ensinar o idioma. Zsozé, como é chamado pela professora, torna-se seu amante. Meses mais tarde a abandona para retornar ao seu país.
No Brasil, vê um livro de sua autoria fazendo estrondoso sucesso. O ginógrafo e sua capa mostarda, obra assinada por Kaspar Krabbe, um alemão e suas aventuras pela Guanabara, povoam as vitrines nas livrarias da cidade. Vanda, sua ainda esposa, se mostra admirada e apaixonada pelo livro e seu autor. José, que se demonstra totalmente confortável com a sua posição de ghost-writer e conservador de um orgulho interno por suas obras, em uma atitude súbita, revela para sua esposa a sua autoria na obra e retorna a Budapeste.
Kriska, magoada, aceita-o de volta apenas para evitar maiores problemas. Morando na dispensa Zsozé se entrega ao húngaro e nega todas as outras línguas. Começa a trabalhar no Clube das belas letras como ajudante geral dos encontros e palestras e aos poucos recupera sua amante húngara. Com o total domínio do idioma magiar começa a prestar serviços como ghost-writer clandestinamente em uma das salas do clube. Ele, que antes só escrevia em prosa, se aventura nos versos poéticos e escreve para Kocsis Ferenc, um poeta decadente, um livro completo de poesias. Ao perguntar a Kriska, se havia gostado do livro, ela revela sentir um assento estrangeiro na obra. Revoltado, briga com a húngara e deixa a casa. Ao chegar em um hotel, descobre coincidentemente que estava sendo esperado para o encontro anual de autores anônimos. No encontro reconhece um Puskas Sandor, o escrivão do Clube das belas letras recitando versos de sua autoria e o provoca só pelo prazer de vê-lo se contorcer em sua cadeira. É denunciado e deportado de volta ao Rio de Janeiro.

Sempre hospedado em um hotel Plaza, passa meses em decadência, sem dinheiro para pagar sequer sua estadia. É confundido com um homossexual e atacada pelo próprio filho, um skinhead, que não o reconhece. Para evitar encontros com o gerente do hotel, decide ficar trancado em seu quarto, comendo restos de outros hóspedes e para evitar o serviço de quarto sequer usa roupas.

Até que o telefone toca e Zsosé recebe uma notícia: é convidado a retornar à Hungria. Ao chegar é recebido por Kriska grávida e um sucesso, sua autobiografia, assinada por ele mas escrita secretamente por Puskas Sandor, é o livro mais bem vendido da Hungria. Fato que, segundo o ghost-writer, nunca ocorreria. Ao ser questionado sobre a obra só repetia: ‘eu não escrevi o livro’. Kriska por sua vez o fazia ler e reler um livro que nem ao menos era de sua autoria. Com o orgulho ferido, Zsosé se acostuma aos poucos com a idéia e se sente, quase sem querer confessar, parte de uma história que não era sua.


Rafaela Peres, Bruna Ruotolo, Tathiana Ferraz, Priscila Mileo

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