Encerrando sua participação na programação paralela da 29ª Bienal de São Paulo, evento que deu grande destaque à fotografia, ao vídeo e ao trabalho de artistas visuais que são também cineastas, a Cinemateca Brasileira recebe no dia 4 deste mês convidados nacionais e internacionais para uma mesa de debate e uma palestra que têm como objetivo refletir sobre como a arte contemporânea se relaciona com o cinema. Na Bienal, vê-se, de um lado, as artes visuais reconhecendo e buscando no cinema – sobretudo nas práticas contemporâneas do documentário – alguns modos de visibilidade, de construção de sentido e de relação com o mundo, com os quais podem dialogar. De outro, vê-se, na prática dos artistas (e dos curadores), uma desierarquização e uma desepecialização entre os meios, as práticas e as tradições. Não se trata tanto de vídeo ou de pintura, de instalação ou de texto, mas de expressões artísticas tomadas enquanto tal, sem distinção de suporte.
Buscando discutir essa porosidade entre o cinema e as artes plásticas, o seminário CINEMA E ARTE CONTEMPORÂNEA apresenta uma palestra com o escritor, teórico e crítico de arte francês Raymond Bellour, um especialista no assunto que ele mesmo trata como uma relação de continuidade e de junção entre o cinema tradicional e este "outro cinema", cada vez mais presente em exposições de arte contemporânea. No centro das discussões, apresenta-se uma reflexão sobre o espaço de exibição – ou seja, sobre a adequação das salas de cinema para exibir esse "outro cinema", exibido em museus e galerias. O seminário inclui ainda uma mesa redonda mediada pelo teórico, crítico de cinema e professor universitário Arlindo Machado, da qual participam André Parente, artista visual, pesquisador e professor universitário, e o argentino Jorge La Ferla, curador, realizador de vídeo, TV e multimídia e professor titular da Universidade de Buenos Aires. Dentre outras questões, os debatedores discutem a forma como cinema lida com essa desespecialização dos meios e com a consequente desespacialização da experiência cinematográfica, abrindo a discussão para as relações e tensões entre arte contemporânea e cinema no que diz respeito às mudanças e deslocamentos do (e no) espaço de exibição, bem como no olhar do espectador.
O seminário é gratuito e aberto ao público geral: para assistir ao debate e à palestra, basta retirar uma senha na bilheteria da Sala Cinemateca, no dia do evento.
CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207
próximo ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)
http://www.cinemateca.gov.br/
PROGRAMAÇÃO
04.12
SÁBADO
SALA CINEMATECA BNDES
15h00 PALESTRA DE RAYMOND BELLOUR
17h30 DEBATE COM ANDRÉ PARENTE E JORGE LA FERLA
MEDIAÇÃO DE ARLINDO MACHADO
PALESTRANTE E DEBATEDORES
RAYMOND BELLOUR é crítico, escritor e pesquisador do CNRS (Centre Nationel de La Recherche Scientifique), em Paris. Com Serge Daney, foi um dos fundadores da revista de cinema Traffic. É considerado um dos mais notáveis teóricos contemporâneos que tratam dos regimes mistos da imagem: pintura, fotografia, cinema, vídeo e novas mídias. Publicou entre outros, The Analysis of film (1979), Entre imagens (1999), L'Entre-images 2 (1999), Le Corps du cinema, hypnoses, émotions, animalités (2009). Foi curador das exposições Passages de l'image (Centre Pompidou,1989), States of images: Instants and intervals (Centro Cultural Belém, Lisboa, 2005) e Thierry Kuntzel, Lumières du temps (Le Fresnoy, Studio National des Arts Contemporains, 2006).
JORGE LA FERLA é graduado pela Universidade de Paris VIII e mestre em artes pela Universidade de Pittsburg. Chefe de departamento da Universidade de Cinema e da Universidade de Buenos Aires. Dedica-se ao campo das artes e dos meios audiovisuais, tendo publicado mais de 35 livros na Argentina e na Colômbia - entre eles, as compilações sobre arte eletrônica De la pantalla al arte transgenico – Cine, TV, vídeo, multimedia, instalaciones (2000), Cine, vídeo y multimedia, la ruptura de lo audiovisual (2001) e Historia crítica do vídeo argentino (2008). Foi curador de mostras de cinema e vídeo, argentino e latino-americano, bem como de mostras e festivais na Alemanha, na Argentina, no Brasil, na Colômbia, na Suíça e nos Estados Unidos. É diretor artístico da Mostra Euro-Americana de Cinema, Vídeo e Arte Digital (MEACVAD), em Buenos Aires.
ARLINDO MACHADO é curador, pesquisador e professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP e do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Entre seus principais livros, destacam-se: A Ilusão especular (1984), A Arte do vídeo (1988), Máquina e imaginário: o desafio das poéticas tecnológicas (1993), Pré-cinemas & pós-cinemas (1997), A Televisão levada a sério (2000), El Paisaje mediático (2000) e O Sujeito na tela (2007). Foi curador das exposições Arte e tecnologia (MAC, São Paulo, 1985), Cinevídeo (MIS, São Paulo, 1992 e 1993), A Arte do vídeo no Brasil (MAM, Rio de Janeiro, 1997), Arte e tecnologia, A Investigação do artista, Made in Brasil e Emoção art.ficial II (Itaú Cultural, São Paulo, 1997, 2001, 2003 e 2004, respectivamente) e El Cuerpo como interface (FT, Buenos Aires, 2007).
ANDRÉ PARENTE é artista e pesquisador de novas mídias e tecnologias de comunicação, doutor em Cinema e em Filosofia pela Universidade de Paris VIII (1982-1987) e professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde fundou o Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-Imagem). Entre 1977 e 2006, realizou inúmeros vídeos, filmes e instalações nos quais predominam a dimensão experimental e conceitual. Entre seus principais livros, destacam-se: Imagem-máquina (1993), Sobre o cinema do simulacro (1998), O Virtual e o hipertextual (1999), Narrativa e modernidade: os cinemas não-narrativos do pós-guerra (2000), Tramas da rede (2004), Cinéma et narrativité (L'Harmattan, 2005) e Preparações e tarefas (2008).
http://www.cinemateca.gov.br/programacao.php?id=100
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um abraço,
jo