domingo, 7 de fevereiro de 2010

Gustavo Lins: O brasileiro que desfila na alta costura parisiense



Nascido em Belo Horizonte e morando em Paris há 21 anos, ele saiu do Brasil logo depois de se formar em Arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi na capital francesa que o estilista aprendeu o seu ofício e trabalhou em maisons importantes como Jean Charles de Castelabajac, John Galliano, Kenzo, Louis Vuitton e John Paul Gaultier Alta Costura.
Apesar de viver longe do Brasil, Gustavo diz que suas criações têm elementos brasileiros. “Eu me formei como estilista em Paris e aprendi o ofício trabalhando na cidade, o que faz com que minha forma de trabalhar e de pensar as peças seja parisiense. Mas sou brasileiro, nascido em Belo Horizonte, e em mim está o barroco, o requinte do Brasil Colonial, a mistura de raças e culturas. Meu trabalho pode não ser diretamente ligado ao país, mas é brasileiro a partir do momento em que misturo materiais inesperados como a lã, a seda, o linho e o algodão e os pespontos e crio vínculos: isto é o Brasil, somos de origens diferentes, mas falamos a mesma língua, temos os mesmos códigos de comportamento”, diz.

Lins tem um trabalho consistente inspirado em porcelana chinesa e parece desenvolver uma teoria filosófica para explicar o interesse. “ A porcelana é frágil e, como material, tem memória de tudo o que passar por ela na hora de ser modelada -- um pouco como o ser humano. Sinto que a roupa é como uma camada protetora que não permite expor o que está por baixo, porém também é frágil e pode ser machucada”, afirma ele, que fala com paixão da forma como molda a porcelana nos corpos das modelos.

As coleções do estilista são numeradas. Para a Nº 014, foi apresentada no dia 26 em janeiro, em Paris, ele propõe misturar porcelana com couro, algodões espessos, organza de seda, cashemere, malha e papel para criar 21 silhuetas, sendo seis masculinas e 14 femininas -- o que recebeu o nome de “De cara para o vento”. “As porcelanas são trabalhadas como um drapeado, e todo o material será organizado para dar essa idéia de leveza e ao mesmo tempo coragem de quem sai de encontro do vento”, explica.
Sobre o uso da malha, o estilista lembra da crise e dos orçamentos: “A malha tem a facilidade de ser usada em qualquer lugar. Modela no corpo e é confortável, além de ter um custo mais baixo. Precisamos pensar nos orçamentos que com a crise estão muito reduzidos.”
Gustavo Lins parece começar a se interessar pelo Brasil agora, depois de ter batalhado muito para garantir o status que seu nome carrega hoje na moda parisiense. Fala que se tudo der certo, dentro de dois anos se tornará membro permanente da Câmara de Alta Costura. Sobre a força da sua marca em sua terra natal, o designer responde: “Fazer um nome é como fazer um bom vinho, um belo jardim. A minha marca ainda é como um menino, e deve ser trabalhada com paciência.”
fonte: http://colheradacultural.com.br/ascolheres/

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