terça-feira, 16 de junho de 2009
MODA E CIDADE
FOTO DE ORLANDO AZEVEDO
Estilistas colocam locais turísticos no alto da passarela da SPFW
LUISA ALCANTARA E SILVA
PRISCILA PASTRE-ROSSI
da Folha de S.Paulo
Na edição deste ano da São Paulo Fashion Week, cujos desfiles começam no dia 17, estilistas como Dudu Bertholini, da Neon, Paola Robba, Mario Queiroz e Raquel Davidowicz, da UMA, se inspiraram em lugares para desenvolver as coleções de verão que vão apresentar no evento.
Difícil saber quando os destinos turísticos começaram a fazer parte dos temas das coleções de moda --em meados da década de 60, os desfiles aconteciam em casas de senhoras, para seletos grupos de convidados, deixando escassos os registros sobre o que se passava nas passarelas daquela época.
O que se sabe é que as viagens sempre inspiraram estilistas. "Para criar as peças é preciso ter muita bagagem, literalmente", afirma Andréia Miron, professora do curso de moda da faculdade Santa Marcelina, em São Paulo.
Fernando Donasci/Folha Imagem
Desfile de Isabela Capeto naSão Paulo FashionWeek de 2006, quando a estilista usou emcoleção elementos da cultura peruana
"Esse contato com culturas e estilos de vida diferentes resultantes de viagens se transforma em elementos importantes para a criação de formas e estampas", completa.
Há quem resolva destacar um lugar específico. Nesse sentido, ela lembra da coleção em que Ronaldo Fraga usou como inspiração o rio São Francisco (verão 2009). "Ele encheu a passarela de sal grosso, como parte da ambientação, e usou estampas de peixes, madeira, barcos e navios."
Se esse tipo de tendência pode ser sentido nas ruas? Segundo Miron, sim. Para ela, a passarela funciona como uma lente de aumento. Mas, para ver nas ruas, é preciso ficar atento aos detalhes. Estampas, por exemplo, podem aparecer em camisetas. Outras tendências, em brincos e colares.
"Já os vestidos de richelieu [bordados manualmente por artesãs do Nordeste do Brasil] de Christian Lacroix, vendidos a preço de ouro, mostram que, muitas vezes, o que as pessoas usam fora das passarelas pode ir além dos detalhes", diz.
Para Milene Chaves, editora do site Chic (chic.ig.com.br), de Gloria Kalil, um dos desfiles marcantes inspirados em uma cultura diferente foi o da coleção de inverno 2006 de Isabela Capeto. "Tudo tinha cores fortes, estampas gráficas... E um clima peruano que fugia do folclórico -daí a graça", diz.
Luciana Parisi, consultora do Senac Moda Informação, destaca outras duas coleções que transformaram lugares em moda: uma do verão 2008, também de Isabela Capeto, inspirada no México, na figura da pintora Frida Kahlo, e uma do verão 2009, da Maria Bonita, inspirada na Bahia de Dorival Caymmi.
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