li e gostei ...
Palestra da professora Louise Wilson, diretora de uma das escolas de moda mais famosas do mundo, a Central Saint Martins de Londres, em 2008.
“Somos parte de uma escola de arte, com uma diversa e enorme população de estudantes. Gostamos da idéia e achamos que somos um espelho da sociedade e cultura. Recebemos pessoas de quase todos os países do mundo, mas eu não os encorajo a voltarem ou mergulharem em suas culturas, até porque normalmente não me interesso por elas. Queremos educar, perturbar, provocar, entreter, encantar.
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Eu não gosto de ver alunos usando bolsas Balenciaga. Tenho que ficar chocada com o que eles vestem pelos corredores. É triste que a indústria monopolize a questão da roupa e os estudantes tenham que se vestir como refugiados bósnios.
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Eu lido com alunos que não sabem nada, que chegam sem nenhum background cultural, e dando-lhes um pouquinho de conhecimento eles podem ir longe. Temos que fazer com que eles pensem por eles mesmos.
Nós acreditamos nas habilidades centrais do design: pesquisa, imaginação, desenho, materiais, corte e apresentação. Tentamos constantemente antecipar para onde partes da indústria estão indo e quais serão suas necessidades.
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Basicamente não gostamos de nada do que os alunos fazem até se formarem. Os melhores são os sempre os mais humildes, que nunca acreditam em seus talentos. Eles podem até fazer bravata, como a Donna Karan, mas eles são humildes, criam, e criar é uma tortura. Por isso negócios e criação não podem se misturar. É preciso ter humildade e trabalhar com afinco, pois esse é um mercado muito competitivo.
Temos 15 bolsas de estudo, patrocinadas por empresas como Armani e Puma, para pessoas carentes. Mas essas pessoas mostram sempre os piores trabalhos, pois eles se acomodam com essas bolsas, sem a pressão de ter que manter seu espaço.”
Ao término de sua explanação, fica a idéia de que a moda é, sim, arte, mas precisa ter muito mais estofo do que tem hoje. As criações atuais, por causa dos materiais, dos recursos e dos cuidados dos estilistas, excetuando-se as grandes maisons, vão desaparecer em menos de 20 anos, e isso é ruim. É preciso que criações sejam preservadas como fontes de pesquisa, base para comparações e releituras.
É preciso incentivar a criatividade e a memória da moda, para que ela possa evoluir com alicerces sólidos e ser ainda mais respeitada.
Um comentário:
Jo, muito legal esse texto. Profundo e nos faz refletir sobre nossas perspectivas para essa carreira.
Tenho muito q aprender :-)
bjs
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Obrigada
um abraço,
jo