A primeira página do site Opus Corpus
http://incubadora.fapesp.br/sites/opuscorpus/
Cujo desenvolvimento contou com o apoio da FAPESP, abre com a imagem de um ovo rodeado por cabelos dourados. Com um clique no mouse você quebra a casca do ovo e o homem renascentista aparece em sua plenitude. "Eu queria começar com um óvulo humano", diz Stéphane Malysse, pesquisador que fez do site o seu pós-doutoramento em multimeios e artes no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "No final achei que um ovo de galinha num ninho de cabelo humano loiro iria despertar mais curiosidade. Ao mesmo tempo, seria uma metáfora da visão do corpo como ficção cultural."
A idéia de fazer um pós-doutoramento cujo resultado seria veiculado num site incentivou Malysse a ir mais longe, cruzando referências bibliográficas com a própria pesquisa, procurando sons e imagens para passar sua idéia. "Com a Internet ficou fácil escrever com imagens", diz o pesquisador. Como todo o trabalho é baseado numa antropologia visual do corpo, o resultado é uma colagem caleidoscópica de textos, sons e imagens.
Para montar esse quebra-cabeça visual, Malysse utilizou os conceitos do filósofo francês Gaston Bachelard. "O amor é a primeira hipótese científica para explicar a reprodução objetiva do fogo e, antes de ser o filho da madeira, o fogo é o filho do homem", escreve Bachelard num trecho utilizado na seção "fogo" do site. "Entrando no Opus Corpus aparece o Mundo Corpus, o mundo visto como uma multidão dos trópicos do corpo, como a proliferação das representações antropológicas do corpo."
O contato de Malysse com a antropologia visual e corporal começou em seu país de origem, a França, onde estudou a higiene corporal da classe média em Paris. "Foi aí que entendi que a antropologia do corpo e a antropologia visual estavam intimamente ligadas, pois o corpo era vivido como uma imagem, como uma projeção." Esse foi o ponto de partida para que ele começasse a recolher imagens, textos e referências sobre o assunto. Já no Brasil, Malysse estudou a cultura das academias no Rio de Janeiro. E o resultado desses anos de pesquisa é o site Opus Corpus. "A relação entre corpo, arte e ciência é infinita. Matéria-prima da arte ao longo dos séculos, o corpo nunca deixou de serreinventado pelas artes. Do lado das ciências humanas, o corpo se tornou também um foco privilegiado para estudar as diferenças culturais", conclui o pesquisador.
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